Prototipagem de Circuitos Impressos

As atividades deste projeto ocorrem no escopo do edital “PROEN Nº 24/2023 – FOMENTO A PROJETOS DE ENSINO 2024 (EDITAL COM BOLSAS DE ENSINO E RECURSO FINANCEIRO)”, dentro do projeto intitulado “Prototipagem de circuitos impressos: estudo, concepção e produção de placas de circuitos eletrônicos como laboratório didático de apoio ao ensino de eletrônica”, cuja proposta submetida e aprovada pode ser acessada aqui.

Por se tratar de projeto de abrangência de ensino e envolvendo equipamentos laboratoriais de uso amplo dos estudantes da engenharia, os dados e materiais desenvolvidos no projeto em questão permanecerão disponíveis no site do curso.


O material seguinte documenta o uso de softwares CAD como KiCAD e equipamento de prototipagem como a fresa PCB-Proto 1S disponível no campus para produção de circuitos elétricos em forma de PCB. Partindo do o uso do KiCAD para desenvolvimento do diagrama de circuito e símbolos, então progredindo para criação de um layout que inclui visão 3D completa do circuito final montado, para produzir uma placa de circuito impresso real os arquivos de fresagem do PCB-Proto Studio. 

Em conjunto com as ferramentas, convenções e práticas úteis são apresentadas ao longo do processo. Para o processo, o projeto de um módulo para switches foi desenvolvido, que pode ser conectado às protoboards para uso nos laboratórios do instituto. O projeto tem como objetivo exemplificar o planejamento e prototipagem iterativa utilizando a fresadora, com passo a passo descrito utilizando textos e vídeos alternadamente para maior fluidez no consumo.

Fluxo de Criação de Circuitos Impressos

Produzir uma PCB (Printed Circuit Board) ou PCI (Placa de Circuito Impresso) começa com a descrição do circuito em um diagrama esquemático ou diagrama de circuito, onde os componentes e suas conexões são inicialmente definidos. Um exemplo desse tipo de diagrama pode ser visto na figura 1. 

Figura 1 – Circuito exemplo: Amplificador operacional discreto (fonte: os autores)

Na figura 2, uma protoboard (ou breadboard) é utilizada para validar um diagrama esquemático em laboratório. Protoboards são utilizadas em laboratórios pois a sua matriz de contatos em uma base de plástico perfurada permite a inserção e conexão de componentes elétricos sem a necessidade de solda para componentes do tipo Through Hole Technology (THT).

Figura 2 – Protoboard com amplificador CA de dois estágios (fonte: os autores)

Partindo para manufatura, é feita a descrição física de como será a placa de circuito produzida, gerando um layout, que contém posicionamento dos componentes, pads – superfícies onde componentes são soldados – e mapeamento das trilhas – caminhos de cobre entre os componentes – em múltiplas camadas (layers) da placa – camadas permitem sobreposição de trilhas e conexão com terra e alimentação do circuito. Um exemplo de modelo de layout pode ser visto na figura 3. 

Figura 3 – Layout do módulo com switches (fonte: os autores)

Produzir o circuito físico a partir do layout é possível de múltiplas maneiras, com placas padrão, remoção de cobre de uma superfície ou com deposição.

Utilizando uma placa padrão (ou perfurada) – base de fenolite com uma matriz de ilhas cobreadas para solda de componentes e fios, disponível em face simples como a exibida no circuito da figura 4 e também por um custo maior, com ilhas em ambas as faces. 

Figura 4 – Circuito em placa padrão (fonte: os autores)

Com corrosão química – o circuito é desenhado com tinta, como por exemplo, uma caneta permanente, então mergulhado em ácido percloreto de ferro para remover a superfície desprotegida. O método de corrosão é simples e acessível e de baixo custo, porém com menos controle sobre a largura das trilhas e ilhas, ou capacidade produção em escala.

Por fresagem – gera placas de circuito a partir do layout pela eliminação mecânica do cobre entre as trilhas e realiza furação e corte da PCB em um único  equipamento. Para fins de prototipação de circuitos, permite ciclos rápidos e de baixo custo aos usuários. O IFRS, campus Canoas, possui uma prototipadora (vide a figura 5) de PCBs operando por esse método.

Figura 5 – Fresa PCB-Proto 1S aberta e placa parcialmente fresada (fonte: autores)

Por fim, técnicas de deposição ou de corrosão com uso de máscara fotossensível, utilizadas para produção em larga escala com trilhas precisas desenhadas à laser – uma máscara fotossensível permite a precisa litografia do layout, definindo as áreas onde o material condutor (cobre ou mesmo ouro) será depositado e no caso de corrosão, onde será protegido do àcido. Na fábrica, o circuito pode então prosseguir para uma máquina de pick and place que adiciona componentes e um forno para derreter a solda, adicionada antes dos componentes  por meio de estêncil, gerando um circuito completo como encontrado em eletrônicos e eletrodomésticos. Um tour por uma fábrica a de PCBs pode ser visto em  Inside a Flexible PCB Factory – in China e Inside a Huge PCB Factory (legendas em português disponíveis).

Para proteger os circuitos produzidos de corrosão, também é comum a proteção com uso de revestimento conformal – camada fina de silicone, epóxi ou outro material para proteger contra umidade – plating (revestimento metálico) – uso de camada de ouro para impedir oxidação de contatos elétricos – ou potting (encapsulamento em resina) – mergulhar completamente o circuito dentro de uma caixa com resina para melhor proteção contra umidade, vibrações e poeira, comum em circuitos expostos ao clima.

Projeto

No Instituto Federal, muitas protoboards são utilizadas diariamente nos laboratórios. Com o uso, os contatos metálicos da protoboard acabam desgastados, dificultando a conexão de componentes com pinos estreitos, como switches – muito utilizados em montagens. Para resolver esse problema, foi proposto a fresagem de um circuito impresso com switches. Esse circuito pode ser posicionado no centro de uma protoboard e conectado com barramentos de pinos que são mais largos, logo, mantém melhor contato elétrico com a protoboard.

O número estabelecido de switches para o módulo foi de 6, quatro são switches do tipo Push Button – chaves que fecham contato enquanto pressionado – e um DIP Switch de duas vias – par de chaves seletoras SPST (Single Pole Single Throw) que mantém estado fixo de acordo com a posição do seletor, aberto ou fechado. Esses switches devem ser conectados diretamente a conectores de pinos com 2,54 mm de espaçamento ou 100 mils no sistema imperial, o padrão para conexão em protoboards. 

Vídeo 01 – Introdução ao Projeto

Esquemático

O diagrama de um circuito elétrico ou esquemático como mostrado na figura 9, é uma representação gráfica de um circuito elétrico, que contém tanto os componentes que fazem parte do circuito – representados por símbolos – quanto as suas ligações elétricas – representados por labels ou fios. Existem diversos tipos de diagramas para a representação esquemática – como a representação de circuitos lógicos, ou diagramas unifilares para instalações elétricas – aqui o termo será utilizado para indicar unicamente circuitos eletrônicos.

Figura 9 – Exemplo de esquemático (fonte: os autores)

Novo Projeto

O KiCad é uma ferramenta open source e gratuita para a criação de esquemáticos e layouts de PCIs que contém uma ampla biblioteca de símbolos, componentes e funcionalidades, ganhando cada vez mais espaço no mercado de EDA (Electronic Design Automation) — categoria de ferramentas para conceber, verificar, fabricar e testar sistemas eletrônicos. Para criação de esquemático e layout do projeto o KiCad versão 8.0 será utilizado. 

No KiCad, o fluxo de desenvolvimento de um circuito é integrado a partir de um projeto, obrigatório para criação de esquemas e layouts desde sua versão 5. Um projeto no KiCad organiza todos arquivos e bibliotecas relevantes em uma única pasta, esquema, layout de placa e outros arquivos associados, como bibliotecas de símbolos, footprints, dados de simulação e BOM (Bill of Materials), permitindo que o projeto seja salvo e compartilhado sem fragmentação do conteúdo.

Abrindo o KiCad, é possível a criação de um novo projeto através do menu “File → New Project” mostrado na figura 6 (em português, “Arquivo → Novo Projeto”), utilizando o atalho “Ctrl + N” ou ainda, no próprio botão no canto superior esquerdo do KiCad, conforme pode ser visto nas figuras 5 e 6. 

Figura 6 – Tela inicial do Kicad, com destaque ao botão que permite a criação de um novo projeto (fonte: os autores)
Figura 7 – Tela inicial do Kicad com destaque a criação de novo projeto (fonte: os autores)

Nomeie o projeto com um nome descritivo e característico, como por exemplo “modulo_de_switches_para_protoboard”. O KiCad automaticamente cria uma pasta para o projeto com a opção “Create a new folder for the project” marcada, disponível próximo ao botão de Salvar, mostrado na figura 8 no canto inferior direito. Coloque o projeto em em um diretório adequado como “Documentos” ou caso configurado, no Google Drive (necessita da aplicação Google Drive instalada no computador).

Figura 8 – Criação de pasta para o projeto no KiCad (fonte: os autores)

Criação de Novo Símbolo

Criar ou adaptar um símbolo no KiCad é fundamental para criação de diagramas de circuitos, onde com frequência, o símbolo exato necessário não estará disponível. Com objetivo de compreender a criação de um símbolo do início, o símbolo de um DIP Switch de duas vias foi escolhido para ser criado. O DIP Switch de duas vias, mostrado na figura 13, foi escolhido, pois contém características comuns à múltiplos componentes – é representado como um retângulo com múltiplos pinos laterais.

Figura 9 – DIP Switch de 2 vias em 3D (fonte: os autores)
Vídeo 2 – Criação de Novo Símbolo (fonte: os autores)

Criação de Esquemático

Vídeo 3 – Esquemático (fonte: os autores)